Presidente Prudente soma 13.674 pessoas com algum tipo de deficiência, o equivalente a 6,2% da população local, segundo dados da amostra do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números revelam não apenas a magnitude do grupo - superior à população total de cidades como Anhumas, Indiana e Taciba -, mas também um alerta sobre a urgência de políticas públicas inclusivas e estruturadas.
A análise detalhada dos dados permite visualizar quem são essas pessoas: a maioria é mulher (7,2%, contra 5,1% de homens), com incidência crescente entre os idosos, chegando a mais de 30% entre a população acima dos 90 anos. As deficiências mais frequentes são visuais (2,9%), de locomoção (2,4%) e de manipulação de objetos (1,3%). Também chama atenção a taxa de analfabetismo entre esse público: 11,77%, contra 1,66% da população sem deficiência.
Outro dado relevante é a disparidade no o à educação. Apenas 12,6% das pessoas com deficiência têm ensino superior completo, contra 27,7% da população sem deficiência. A taxa de analfabetismo é de 11,77% entre pessoas com deficiência e de 1,66% entre pessoas sem deficiência.
Para o sociólogo Marcos Lupércio Ramos, os dados do IBGE escancaram um cenário de urgências. “Treze mil pessoas com deficiência é mais do que a população de muitos municípios da região. Isso deveria ser suficiente para despertar uma reflexão profunda sobre como essas pessoas estão sendo atendidas em suas necessidades, especialmente pelo poder público municipal”, afirma.
Marcos reforça que, embora existam legislações federais e medidas voltadas à inclusão, a realidade local frequentemente não acompanha o que está no papel. “Seria leviano dizer que elas [as políticas públicas] inexistem nos municípios, mas há deficiências no atendimento especializado em praticamente todos eles. Prudente não foge dessa regra”, aponta. No Brasil, há 14,4 milhões de pessoas com deficiência, que representam 7,3% da população com 2 anos ou mais (198,3 milhões de pessoas).
Marcos destaca que a questão da mobilidade urbana é um dos pontos mais críticos. Para ele, a problemática recai, especialmente entre os idosos, que representam a maior parcela da população com deficiência. “Parece simples, mas pergunto: como estão nossas calçadas? A maioria não atende aos requisitos mínimos de mobilidade. Não é apenas uma questão de custo, mas de prioridade na destinação de recursos públicos”, critica.
Ele reconhece avanços pontuais, como as equipes de saúde que fazem atendimentos domiciliares e o transporte por ambulâncias, mas questiona: “E quando há necessidade de cuidadores? Ou quando a família não tem condições de cuidar dessa pessoa 24 horas por dia? Existem políticas para isso?”.
Mais do que fotografar a realidade, os dados do Censo devem ser instrumento de planejamento público. “O município precisa se debruçar sobre esses números e traçar estratégias concretas, envolvendo mobilidade, saúde especializada e educação inclusiva”, avalia o sociólogo, que complementa que alerta é ainda mais urgente no caso dos idosos: “Não estamos falando de uma população futura. Ela já está aí, crescendo, e precisa de soluções agora”.
Panorama do Censo 2022